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APA entrevista Gerente Executiva de Saúde da FAPES, Patrícia Neto. Ela esclarece dúvidas de aposentados beneficiários do PAS

Covid-19

APA – Com o resultado positivo de alguns medicamentos, afirmavam os médicos e políticos que esses remédios salvadores só deveriam ser administrados quando a doença estivesse avançada. Agora surge uma corrente forte de que tais remédios salvadores deverão ser ministrados nos primeiros dias da doença. Isso tudo vem causando incertezas e angústias aos beneficiários. Pergunta: Os participantes da FAPES (ativos e aposentados) serão acompanhados desde os primeiros sintomas pelos médicos da FAPES, incluindo a adoção dos protocolos de inclusão dos remédios no início do aparecimento dos sintomas?

Patrícia Neto – O posicionamento assistencial da FAPES em relação aos nossos beneficiários será sempre pautado na técnica, no bem-estar e na qualidade de vida. Sobre a utilização da cloroquina, ainda não há evidência da comunidade técnico-científica para sua utilização na Covid-19. Este é o fato. O Conselho Federal de Medicina ampara e resguarda a possibilidade da prescrição da droga pelo fato de estarmos vivendo uma pandemia sem precedentes e de haver alguns estudos observacionais, em pacientes graves.

A prescrição deste e de outros medicamentos, tidos como possíveis tratamentos para Covid-19, é uma deliberação do médico em consenso com paciente e/ou responsável. E só pode ocorrer a partir do claro esclarecimento, ao paciente, de todas as complicações possíveis, além da assinatura de um termo consentindo a utilização da droga e a ciência dos graves efeitos colaterais possíveis.
Muitas pessoas serão capazes de passar pela doença em casa tomando remédios que agem nos sintomas e não diretamente no vírus, sendo o próprio sistema imune do indivíduo o responsável pela recuperação da doença, como acontece na maioria das doenças virais. Entretanto, algumas pessoas mais idosas e/ou com comorbidades poderão precisar de hospitalização, sendo o tratamento mais importante o de suporte ao organismo para se livrar da doença como: oxigênio, hidratação, drogas venosas e suporte com máquinas, como respiradores, em caso de falência pulmonar ou diálise em caso de falência renal. Algumas drogas, como antibióticos, poderão ser usadas para evitar infecções bacterianas e algumas drogas que agem no sistema imunológico, como hidroxicloroquina, corticoide e imunomoduladores, poderão ser usados para diminuir a inflamação pulmonar e sistêmica (do corpo como todo), mas todos em caráter empírico.

Vivemos tempos de medo e incerteza em que, mais do que nunca, a ciência deve ser respeitada e a boa e estreita relação de confiança entre médico e paciente deve ser soberana, desde que consensual, considerando cada paciente como único com suas particularidades e diferenças em relação ao tratamento proposto.

APA – Quais ações da FAPES estão sendo direcionadas aos aposentados e seus dependentes nesta fase de pandemia da Covid-19, haja vista que este público se enquadra como grupo de risco?  

PN – Vacina: A FAPES promoveu a ação de vacinação contra a gripe oferecendo a imunização em domicílio para os idosos e seus dependentes. Os beneficiários acima de 70 anos foram alvos desta campanha, assim como pacientes oncológicos e aqueles em assistência domiciliar, residentes na cidade do Rio de Janeiro.
 
– Teste: a FAPES tomou a iniciativa de realizar a testagem para Covid-19 em todos os beneficiários a partir de 60 anos, sem necessidade de inscrição prévia ou de apresentar sintomas de gripe. Esta medida visa identificar possíveis beneficiários positivos e assintomáticos, orientar os beneficiários adequadamente caso seja necessário o isolamento em domicílio, dando-lhes o suporte clínico necessário e prevenir complicações através da identificação precoce da doença.
 
– Suporte de psicologia: Diante de todos os desdobramentos biopsicossociais relacionados à pandemia, o acompanhamento de psicologia foi oferecido a todos os aposentados do BNDES. Através de contato telefônico, nossos psicólogos puderam prover o suporte adequado e, quando necessário, encaminha-los aos profissionais da rede credenciada para acompanhamento regular por teleatendimento neste período de isolamento social.

APA – A FAPES tem um histórico de como tem sido o impacto da pandemia entre os nossos aposentados?

PN – Durante a pandemia, os assistidos estão se aproximando da Equipe de Assistência do Programa Saúde da Família, composta por médico generalista, enfermeiro e assistente social. Este contato tem sido realizado através de teleconsultas, pela internet, ou por telefone, para orientações e intervenções necessárias a cada caso. Pelo site da FAPES, cada beneficiário poderá identificar sua equipe, digi-tando a sua matrícula do PAS e consultando os dados.

Uma nova ação iniciada nesta pandemia foi o contato telefônico de psicólogos do Programa Saúde da Famí-lia, oferecendo suporte e encaminhamento para terapia com profissionais da rede credenciada, caso haja indicação ou desejo do beneficiário. Inicialmente, foram contactadas as pessoas mais idosas e aquelas com enfermidades graves, porém todos serão atendidos. Nesta oportunidade, pretendemos levar acolhimento, por meio de uma escuta empática, para manter ou buscar o bem-estar emocional e físico de todos. Esperamos poder identificar sintomas físicos e emocionais que possam estar abalando o beneficiário ou as pessoas de sua convivência, durante este período de quarentena.

O Serviço Social da FAPES também realiza o monitoramento dos assistidos e dependentes portadores de doenças crônicas ou oncológicas, nonagenários, centenários e internados na rede credenciada. Através desta iniciativa acolhemos as famílias, orientamos sobre as novas ações da FAPES, sobre o plano de contingência neste momento de pandemia e estabelecemos planos de cuidados com a equipe de assistência do Programa Saúde da Família. 

Estas intervenções, direcionadas a todos os beneficiários, estão sendo muito bem avaliadas, através do Fale FAPES e no próprio contato das equipes, que relatam satisfação com acolhimento, agilidade e proximidade entre as famílias e a Fundação, sempre focado no bem-estar e saúde de todos.

Para falar diretamente com seu enfermeiro ou assistente social, o assistido poderá acionar a Central de Atendimentos da FAPES, pelo telefone (21) 3820-5454, ou pelo Canal do Beneficiário, pelo número (21) 99234-3263.

APA – Há algum problema observado pela FAPES ou pelos participantes no acompanhamento de saúde dos aposentados?

PN – O problema mais relevante a ser considerado em relação ao acompanhamento de saúde dos aposentados é a comunicação. Os idosos, maior parcela de nossos aposentados, se sentem inseguros ao receberem contatos telefônicos e, por vezes, não permitem o acompanhamento do quadro de saúde, impedindo que a FAPES possa realizar o monitoramento de maneira adequada.
A disseminação de informações falsas (fake news) através de redes sociais não ligadas à FAPES ocasionam grandes embaraços para os beneficiários. A Fundação divulga seus serviços através de seus canais oficiais: LinkedIn, WhatsApp e site. Notícias distorcidas, propagadas fora deste âmbito, podem acarretar prejuízos aos beneficiários do PAS.

O cadastro desatualizado é outra dificuldade relevante, uma vez que utilizamos tais dados para realizar contato com os beneficiários e seus dependentes. É de suma importância que o endereço e telefone de contato estejam atualizados para que possamos efetuar o monitoramento, agendar os testes para Covid, oferecer o suporte psicológico, dentre outras situações nas quais precisamos abordá-los para acompanhamento e orientações. Basta encaminhar as informações corretas pelo Fale FAPES, solicitando as alterações necessárias.

APA – Quais os próximos passos desse atendimento em relação aos aposentados?

PN – A chegada da pandemia acelerou o processo que estava programado para acontecer no segundo semestre deste ano, que é o atendimento telefônico 24h/dia e 7 dias na semana, através da Central de Atendimento e diretamente conectado aos Enfermeiros da Família. Este é o caminho para gerar a maior aproximação possível entre a operadora e os beneficiários e mantermos o monitoramento daqueles que apresentam comorbidades ou qualquer necessidade de assistência identificada pela nossa equipe do Programa Saúde da Família como encaminhamento ao médico generalista a um especialista, entre outros.

Além do Canal do Beneficiário, número de celular (21 99234-3263) conectado aos nossos analistas com o objetivo de esclarecer dúvidas administrativas e apoiar eventuais problemas que possam acontecer nos locais de atendimento (laboratórios, clínicas etc).

APA – Como vem sendo a testagem dos aposentados e seus dependentes? Todos os aposentados acima de 60 anos ou portadores de doenças graves serão testados? Em caso negativo, qual o critério para ser testado?

PN – A realização dos testes para Covid-19 aos beneficiários acima de 60 anos foi iniciada em 6 de maio e continua acontecendo. Serão testados todos que tiverem mais de 60 anos, independentemente de suas comorbidades, pois, a partir desta idade, já fazem parte do grupo de risco. O próximo passo será testar os beneficiários abaixo de 60 anos e com comorbidades.

Enviamos um e-mail para cada beneficiário informando que começamos a realizar os testes. Um enfermeiro entra em contato por telefone para agendar o teste no beneficiário e em todos os dependentes do PAS que residirem no mesmo domicílio. O procedimento não é compulsório. Ao aposentado que optar por não realizar o teste, solicitamos que entre em contato com nossa Central de Atendimento e informe ao enfermeiro a sua decisão.

Além disso, estão sendo testados todos os beneficiários que apresentem sintomas e que estejam em nosso monitoramento. Para esse grupo, independentemente da idade, o teste será agendado a partir do 20º dia do início dos sintomas.

APA – Aposentados com menos de 60 anos poderão ser testados, mesmo sem apresentar indícios de contaminação?

PN – Para os aposentados com menos de 60 anos, a indicação do teste é para aqueles que apresentarem comorbidades ou que esteja sintomático.

APA – Neste período de isolamento social como é o “passo a passo”, caso o beneficiário se sinta mal não tendo relação com a Covid-19 já que no momento não é indicado ir direto a uma emergência hospitalar?

PN – Nesse momento delicado em que todos estamos passando, é de suma impor-tância que o beneficiário esteja atualizado e sintonizado em todos canais da FAPES para ter informações e acesso ao suporte oferecido pela nossa equipe. Caso o bene-ficiário se sinta mal, mesmo que hão haja relação com a Covid-19, a Central de Atendimento está de prontidão para dar todo o suporte necessário pelo telefone (21) 3820-5454 (digitar a opção 3, seguida pela opção 1) ou fazendo contato direto com seu médico de família, cujo telefone o beneficiário pode ter acesso pelo site informando o número da matrícula no PAS (acesse https://www.fapes.com.br/saude).

Ao fazer contato com a nossa equipe, o enfermeiro acolhe, identifica sinais e sintomas evitando, assim, uma ida desnecessária para a emergência. A abordagem telefônica feita pelos enfermeiros e médicos pode auxiliar na identificação de casos brandos, que podem ser resolvidos em casa, ou situações que mereçam uma atenção especial devido à gravidade. Nos casos mais graves, pode haver indicação de acionamento da ambulância do prestador CTI-COR, o beneficiário é atendido/medicado em casa e, havendo indicação técnica, a equipe da CTI-COR, em contato com nossos médicos, encaminha o beneficiário ao serviço de emergência.

Nas internações, os beneficiários têm à sua disposição a Equipe Clínica da FAPES, formada por médicos que assumem o caso, acompanham e oferecem todo o suporte técnico e assistencial durante a internação até o momento de alta hospitalar. Nesta situação de fragilidade, é muito importante ter um parceiro ao seu lado, além de ser totalmente gratuito.

APA – Como a senhora avalia o serviço de monitoramento implantado pela FAPES para os assistidos que apresentam os sintomas da Covid-19?

PN – O serviço de monitoramento dos assistidos que apresentam os sintomas da Covid-19 tem dado resultados bem positivos. Inicialmente, todo o Programa de Saúde da Família da FAPES se adaptou a essa situação da pandemia para dar suporte aos beneficiários.

Todos os beneficiários identificados com sintomas sugestivos de Covid-19 – seja por informação direta dos beneficiários à Central de Atendimento (21 3820-5454, opção 3, seguida pela opção 1), pelo contato direto com seu médico de família ou pela captação ativa da equipe ao contatar a população de risco – são incluídos imediatamente no monitoramento. É feita a coleta de dados relacionados ao caso, com sua história epidemiológica, e, a partir daí, define-se a conduta: pode ser o estabelecimento da quarentena, orientações de enfermagem por meio de acompanhamento por telefone, solicitação de exames, suporte da equipe médica, até que possamos dar alta para o beneficiário.

APA – O Programa Saúde da Família precisou se ajustar às necessidades impostas pela Covid-19. Como ele está no momento e qual a projeção até o final deste ano?

PN – O cenário da Covid-19 acabou por acelerar a evolução já prevista para ocorrer até o final deste ano no Programa Saúde da Família. Dessa forma, grande parte dos processos e ações instauradas hoje na situação da pandemia, tinham um planejamento prévio e terão continuidade com o fim da mesma (como por exemplo a central de monitoramento dos enfermeiros). Atualmente, estamos num momento de muitos desafios e da necessidade de estar constantemente alterando processos e ações para melhor nos adequarmos ao cenário de saúde mundial desta pandemia e oferecer a melhor assistência possível, com o máximo de carinho e zelo. Mas também tem sido um momento de fortalecimento do Programa Saúde da Família e da possibilidade de implementar ideias mais inovadoras, tecnológicas, e de aproximação com os nossos beneficiários, que deverão sentir ainda mais os benefícios positivos da relação mais próxima com a FAPES.

Beneficiários que residem fora do Rio de Janeiro

APA – Como está sendo a atuação da FAPES junto aos aposentados que residem fora do Rio de Janeiro, tanto no tocante à vacinação quanto à Covid-19?

PN – Estamos ativamente acompanhando os aposentados que residem fora do Rio de Janeiro. Os médicos e enfermeiros fazem contato telefônico, orientam e monitoram os sintomáticos regularmente, criando maior aproximação com a Fundação. A vacinação do H1N1 está sendo estimulada para todos e sendo reembolsada pelo PAS. Também temos contato diários com os maiores hospitais de Recife, Brasília e São Paulo, com o objetivo de captar eventuais internações que não nos sejam informadas pelo fluxo normal.

Apoio
psicológico/telemedicina

APA – No final de abril, a FAPES estendeu para os aposentados um serviço de apoio psicológico por telefone. Como se dá esse apoio e como está a demanda especificamente para esse atendimento?   

PN – O suporte está sendo oferecido por meio de contato telefônico de psicólogos da equipe da Dra. Glauce Corrêa, psicóloga do ambulatório do BNDES. Tem se mostrado, no momento, a melhor forma possível para ajudar os aposentados a se sentirem acolhidos e cuidados, tentando minimizar o choque ocasionado pelo isolamento.

Os efeitos desencadeados pela Covid-19 provocaram alterações na vida de todos, tendo como consequência impactos psicológicos e sociais pelo afastamento de seus familiares, amigos e da rotina diária. O acolhimento acontece a fim de identificar gatilhos emocionais e tratar receios e medos, utilizando estratégias e ferramentas de cuidado para o momento de crise ou sofrimento. Durante o contato, é avaliado o controle da estabilidade emocional, fruto do estresse causado pelos transtornos da pandemia, além do comportamento de muitos que não acreditam na necessidade do isolamento para evitar o contato com o vírus.

A maior parte das ligações está sendo muito bem recebida pelos aposentados e, em alguns casos, com seus cônjuges (dependentes) ou cuidadores, devido a alguma limitação. Neste caso, o acolhimento é realizado junto a eles.

Para este público, diferente dos funcionários ativos, é possível observar uma redução da complexidade emocional, tendo em vista que grande parte dos atendidos manteve a sua rotina doméstica sem muitas alterações. A maioria refere saudades do contato físico com os familiares e amigos, rompido desde o início da pandemia, em decorrência do isolamento.

Ao identificar alguma fragilidade, o responsável pela condução do atendimento oferece indicação de psicólogos da rede credenciada para dar continuidade ao suporte, com escuta técnica, ativa e qualificada, com o objetivo de reduzir as angústias, medos e inquietações provenientes do isolamento.

APA – Como está o programa de telemedicina implantado pela FAPES? Como os beneficiários do PAS vem recebendo o programa?

PN – Pretendemos fazer uma pesquisa de satisfação dos beneficiários. Mas pelo retorno que recebemos dos médicos, as consultas por internet e telefone estão sendo bem recebidas em função do receio do deslocamento até o consultório. A impressão é que os usuários estão satisfeitos por ter esse canal para se consultar de forma segura, sem se expor aos riscos da pandemia. Poucos optam por ir ao consultório. Os mais idosos preferem a consulta pelo WhatsApp.

O procedimento mantém a qualidade do atendimento, respeitando critérios de segurança para médico e paciente, com a assinatura de termos de consentimento mútuos na aplicação deste sistema. Com isso, há menor insegurança dos pacientes atendidos, junto com a tranquilidade da manutenção do isolamento social, e uma condução adaptada dos problemas médicos que persistem ou surgem neste contexto.

É claro que a interação presencial, o acolhimento e o exame físico, tão importantes na prática da medicina, ficam postergados para um segundo momento. Se por um lado o agendamento é mais ágil, por outro, falta o contato, mas com o decorrer da conversa, os pacientes acabam se sentindo à vontade, as dúvidas resolvidas e eles saem do encontro satisfeitos.
Na opinião de médicos da equipe, a manutenção desse formato pelos próximos meses será benéfica para os pacientes, mas será importante também a disponibilidade para consultas presenciais. Os médicos sentem falta da leitura não-verbal presente em todas as consultas, mas a telessaúde é uma ferramenta que podemos lançar mão com segurança para situações médicas de contato limitado. Até mesmo em tempos normais, como consultas nos finais de semana, na dependência da urgência da orientação.

Campanha de Vacinação

APA – Em relação à campanha de vacinação contra a gripe para os beneficiários do PAS, o prazo vai ser estendido? Qual a adesão verificada este ano em relação aos anos anteriores?  

PN – Lançamos nossa campanha de vacinação anual acompanhando o Ministério da Saúde e, caso seja estendida, assim o faremos. A fim de atender o maior número possível de beneficiários neste momento da pandemia e necessidade do distanciamento social, realizamos uma triagem voltada aos beneficiários com mais de 70 anos para identificar aqueles que ainda não haviam se vacinado contra a gripe. Mais de 1 mil beneficiários foram contactados por telefone. Aqueles que aceitaram a abordagem foram vacinados em casa, sem necessidade de pagamento da taxa de visita domiciliar. Esta ação ocorreu de 20 de abril a 17 de maio e foram alcançados aproximadamente 500 beneficiários, incluindo titulares e seus dependentes.

Além disso, a Fundação estendeu a vacinação às clínicas de livre escolha com reembolso de 100%, incluindo a taxa de aplicação domiciliar. Até o momento, mais de 2,4 mil beneficiários se vacinaram através da rede credenciada.

Temos a clara percepção de que a adesão à vacinação foi bem elevada, mas os números precisos só teremos dentro de dois meses, quando as clínicas encaminharem seus faturamentos para a FAPES. Nesta época, divulgaremos a adesão real.

Óbito do beneficiário

APA – Em caso de óbito do beneficiário titular ou um dependente habilitado ao PAS, existe na FAPES um acolhimento diferenciado à família?

PN – As analistas do Serviço Social da FAPES visam estabelecer a relação com o beneficiário e a família durante o processo de adoecimento, desde o início, atuando em conjunto com uma equipe multidisciplinar. Esta atuação vem no sentido de contribuir para o entendimento da morte como algo sofrido, mas natural, e como uma oportunidade de ressignificar as relações e o momento vivido.

Realizar um atendimento humanizado às famílias de pacientes enlutados é o nosso maior objetivo. Atuamos no luto antecipatório, identificando e acompanhando pacientes com patologias graves em domicílio e, aos que se internam, desde o momento inicial da internação. Após a constatação do óbito, os familiares recebem contato do Serviço Social para continuidade de suporte ao luto e, em casos mais críticos, encaminhamos para o suporte psicológico. O acolhimento se estende também aos beneficiários e dependentes que tiveram morte súbita.

Também temos trabalhado para identificar casos delicados de cuidados paliativos, criar vínculo de confiança, oferecer cuidados proporcionais às necessidades do paciente, aliados a maior qualidade de final de vida. Procuramos compreender a história de cada paciente e familiares, orientar quanto aos possíveis desfechos, inclusive para a condução de óbitos em domicílio, evitando mais sofrimento e internações prolongadas e invasivas em terapia intensiva.

Sabemos que a morte é inevitável. Lidar com a perda de um ente querido, associada aos procedimentos burocráticos, é uma situação delicada para os familiares. Para apoiar esse momento, o Serviço Social oferece suporte acolhendo emocionalmente os familiares. Buscamos identificar o familiar que estará à frente das decisões para que possamos fornecer orientações sobre os trâmites, tais como: declaração de óbito, acionamento da funerária e encaminhamento para o cartório.

Serviço Social

APA – Como ocorre a abordagem e acompanhamento pelas analistas do Serviço Social pela FAPES?

PN – A abordagem do Serviço Social é direcionada a todos os beneficiários que apresentam doenças oncológicas ou crônicas em tratamento ou remissão da doença, beneficiários nonagenários e centenários, além de beneficiários internados na rede credenciada. O monitoramento da equipe de Serviço Social ocorre semanalmente em visitas domiciliares, hospitalares e contatos telefônicos. Nesta oportunidade, acolhemos as famílias, orientamos sobre as novas iniciativas da FAPES, sobre o plano de contingência neste momento de pandemia e estabelecemos planos de cuidados com a equipe de assistência do Programa Saúde da Família. 

Todos os beneficiários elegíveis à abordagem do Serviço Social são orientados e acompanhados, independentemente de estarem sintomáticos ou não. Em casos de demandas espontâneas, a equipe de enfermagem para intervenção aciona o Serviço Social para a condução dos casos.

Os assistidos com doenças oncológicas ou crônicas são acompanhados e estabelecemos uma interface entre a família, médicos generalistas ou oncologistas e a equipe do Programa de Medicamentos Especiais. Os casos são discutidos internamente e temos o objetivo de implementar um  modelo de cuidado integral. Temos a proposta de acompanhar o beneficiário por todo seu percurso assistencial, facilitando e monitorando todos os possíveis pontos de dificuldade.

Nossa intervenção também ocorre durante a internação hospitalar, na transição do hospital para o domicílio com o estabelecimento da assistência domiciliar e de estruturas de cuidados paliativos, incluindo a abordagem às famílias sobre a morte e humanização no fim de vida. Este trabalho é desempenhado com suporte das empresas prestadoras, orientando o beneficiário ao cuidado necessário, evitando internações desnecessárias por complicações leves e oferecendo melhor qualidade de vida para o paciente em finitude até o momento do óbito em domicílio.

O Serviço Social desempenha um papel importante, integrando a equipe interdisciplinar, monitorando os cuidados aos beneficiários através dos vínculos estabelecidos com as famílias, conscientizando sobre prevenção, agilidade e efetividade no tratamento, fortalecendo a articulação da rede assistencial, sempre orientado pelas necessidades de cada beneficiário.

Suporte domiciliar

APA – Como acontece o suporte domiciliar em saúde e quais são os tipos ?

PN – A assistência domiciliar é um termo amplo que compreende uma série de serviços de saúde realizados no domicílio a fim de garantir o suporte terapêutico ao paciente. É voltada aos beneficiários que possuem alguma incapacidade funcional temporária ou permanente que impossibilite a realização de atividades da vida diária e, devido à fragilidade física, não podem se dirigir a clínicas de reabilitação/tratamento.

O suporte se divide basicamente em dois tipos: atendimento e internação Domiciliar.  O primeiro é indicado aos pacientes que necessitam de procedimentos técnicos e atenção multiprofissional, atividades assistenciais de baixa complexidade e fornecimento de equipamentos para auxílio de marcha e locomoção, tratamento de doenças crônicas e até mesmo mobiliário hospitalar, em casos específicos. A equipe multidisciplinar é composta por fisioterapeutas, fonoaudiólogos, médicos, enfermeiros, psicólogos, entre outros e realiza os atendimentos domiciliares visando a recuperação e prevenção de agravos em saúde.

A internação domiciliar é caracterizada pelo suporte clínico a pacientes de alta complexidade em estabilidade clínica.  Esta modalidade engloba múltiplas atividades, requer o acompanhamento contínuo de profissionais e demanda modificações e adequações na estrutura do lar para oferecer ao paciente todos os cuidados pertinentes. A internação domiciliar pode ser implantada para prevenção de internações hospitalares, encurtar a permanência nas unidades hospitalares sem prejudicar os tratamentos propostos, oferecer atenção adequada ao paciente em cuidados paliativos e em fim de vida.

Para indicar o suporte domiciliar adequado, o paciente deve ser submetido a avaliação de seu quadro clínico a fim de se estabelecer o nível de complexidade dos cuidados. A partir da demanda do médico generalista, uma de nossas empresas credenciadas realiza a avaliação global do beneficiário para que então possamos providenciar o suporte necessário para o domicílio.

Saúde bucal

APA – Quais os cuidados que devemos ter com a saúde bucal neste momento em que estamos privados de ir ao dentista?

PN – Devemos ter com a nossa boca o mesmo cuidado que temos com as nossas mãos, para diminuir o risco de infecções.

· Manter a escovação de dentes, gengiva e próteses ao acordar, após cada refeição e sempre antes de dormir.
· Higienizar a escova de dentes com álcool a 70%.

· Utilizar o fio dental, ou escovas interdentais, pelo menos uma vez por dia.

· Higienizar a língua com um raspador lingual.

· Realizar bochechos com enxaguatórios bucais.

· Neste momento de isolamento social, só se deve buscar atendimento odontológico em caso de urgência ou emergência.

APA – Como funciona a atuação do farmacêutico para os aposentados?

PN – A Assistência Farmacêutica (AF) integra o Programa Saúde de Família da FAPES. São competências desta área o planejamento, execução e acompanhamento das atividades relacionadas a programação, aquisição, armazenamento e distribuição de medicamentos. Engloba ainda atividades de promoção, proteção e recuperação da saúde, tendo o medicamento como insumo essencial.

O objetivo desta atividade não é intervir na prescrição de medicamentos, que são atribuições médicas, mas garantir uma farmacoterapia racional, segura e custo-efetiva.

Atualmente cerca de 115 beneficiários são atendidos de forma direta pela FAPES, por meio do fornecimento mensal de mais de 70 tipos de especialidades farmacêuticas, atendendo ao tratamento de mais de 30 patologias.

Mensagem aos aposentados

APA – Qual a mensagem que a senhora deixa para os beneficiários do PAS, aposentados e dependentes, com relação ao plano de saúde e essa pandemia? 

PN – Os empregados e aposentados do BNDES possuem um benefício inestimável que é o plano de saúde PAS, uma autogestão que preza pela qualidade, segurança e bem-estar. E digo isso por realmente acreditar que a autogestão é o melhor modelo assistencial, desde que bem gerenciado em seus recursos, com foco na necessidade do paciente e com seus usuários plenamente conscientes de que os recursos são finitos. Buscamos o cuidado integral, seguro, longitudinal (ao longo da vida), com profissionais capacitados e rede assistencial integrada. Tarefa bastante complexa e cheia de riscos. A base de nossa gestão é a Atenção Primária à Saúde. Por isso segmentamos a população por áreas e cada família hoje tem a sua equipe assistencial formada pelo médico, enfermeiro e assistente social, os quais podem facilmente ser identificados no site da FAPES. E estamos conectados com os beneficiários 24horas por dia, principalmente no momento mais crítico que é uma internação de emergência.

Gostaria de estimular que cada beneficiário marque uma primeira consulta com seu médico generalista para que possam se conhecer e compartilhar sua história de vida. Para esta primeira consulta, a pessoa não precisa ter um motivo especial, um sintoma ou queixa. É básica e fundamentalmente a criação do vínculo inicial, que deverá perdurar. Desta forma, numa eventualidade em que o beneficiário necessite, poderá ligar diretamente para o celular do seu médico. Nosso maior desafio é, através de uma gestão consciente e transparente, gerar valor percebido aos nossos usuários, sendo a confiança o principal.

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Patrícia Neto é médica formada pela Unirio em 1990 e possui o MBA Gestão Executiva em Saúde pelo IBMEC. Especialista em Medicina de Emergência pela Associação Médica Brasileira (AMB), ex-presidente da Associação Brasileira de Medicina de Emergência (ABRAMEDE/RJ), avaliadora sênior do IQG e especialista em acreditação canadense QMentum. Atualmente cursa mestrado de Educação em Saúde pela Universidade do Porto.

Sobre o Autor

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